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ESTRADA DAS HORTÊNSIAS - 000 (Paulo Jorge)

Todo artista quer que seu público observe os detalhes da sua obra. Para isso, há uma série de técnicas que podem ser empregadas. Vimos no artigo anterior a “Regra dos Terços”. Agora falaremos um pouco sobre outra técnica não menos importante.

Ei, estou aqui!

A vida ensina — já dizia minha avó. Sim, é uma verdade incontestável. Mas descobrir como as coisas realmente funcionam na base da tentativa e erro, até que surja um resultado positivo, dá muito trabalho e demanda muito tempo.

Na vivência profissional, como funcionário público, participei de muitas conferências e reuniões importantes. Nessas oportunidades, estava sempre presente uma amiga, que trabalhava na mesma instituição — ela aparecia em destaque em todas as fotos, ao passo que eu, quase nunca, apesar de sentar na mesma fileira que ela. O que poderia estar errado? Seria a cor da roupa ou a postura durante o evento? Não! Após avaliar várias possibilidades, descartei todas. Certamente eu não observara direito. Generosamente me contou que buscava pontos estratégicos, para onde os olhares dos repórteres estariam direcionados – geralmente perto de personalidades importantes. Mas não era só isso — mesmo quando não havia “figurão” na platéia, ela era alvejada pelos flashes. Difícil entender…

Direto ao ponto

BONDINHO DE SANTA TERESA

Destacar o ponto de interesse é tarefa importante em qualquer atividade. No caso de evento com platéia, o ponto de interesse pode estar no palestrante principal. Nesse caso as fileiras da frente serão mais fotografadas. Mas se a reunião tem por objetivo apresentar algum produto que esteja posicionado no fundo do auditório, é para lá que a atenção será desviada na parte culminante do evento. E lá estava essa minha amiga.
— E quando não identificar o ponto de interesse? — perguntei.

— Na dúvida, fique perto da comida. Será o foco da atenção em determinado momento — respondeu, sorridente. Não é que tinha razão! Aprendi muito com ela.

Na pintura, desenho ou fotografia também é interessante conduzir o olhar do observador para o ponto que queremos destacar. Podemos posicioná-lo utilizando a “Regra dos Terços”, a “Regra Áurea” ou simplesmente induzir o olhar do interessado a seguir por “linhas guia” até o ponto pretendido.

Linhas guia

Linhas guia são elementos dispostos ordenadamente desde o primeiro plano até o ponto que desejamos destacar e pode estar localizado até mesmo no fundo da cena. Flores, vegetações ao longo de um caminho, uma estrada, um rio, uma rua, trilhos de trem e aí por diante, se prestam muito bem para esse papel. Essa regra pode ser combinada com outras, tomando cuidado para não exagerar nesses elementos de condução, pois afinal, queremos que o admirador cheque ao objeto destacado sem se perder nos detalhes do caminho.

O primeiro quadro apresentado chama-se “O BONDINHO DE SANTA TERESA”. Pintei-o em 2020 para a gincana promovida pela ALeART ( Academia de Letras e Artes da Região dos Lagos). Retrata uma cena do cotidiano de Santa Teresa, bairro tradicional da cidade do Rio de Janeiro. Notemos que os trilhos conduzem o olhar do observador para o veículo, que por sinal, está lotado.
Na segunda tela, intitulada “ESTRADA DAS HORTÊNSIAS”, vemos a estrada — em destaque — margeada por hortênsias. No fundo observamos algumas casas ofuscadas pelo nevoeiro, o que traz clima frio para a pintura. A estrada e as flores levam o observador a deter o olhar no fundo do quadro. Notemos que o céu se mostra entre as árvores e ajudam nesse processo.

Cenas do próximo capítulo

Na verdade eu pretendia discorrer, nesse mesmo artigo, sobre a “Regra Áurea”. Ao escrever notei que o assunto ficou extenso por ser muito complexo, carecendo de simplificação para atender ao público alvo, que somos nós, os amantes da pintura. Então, vamos ao trabalho e até a próxima.

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BONDINHO DE SANTA TERESA
BONDINHO DE SANTA TERESA – AST – 33 x 44 (Paulo Jorge)
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Referências

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